
Na poeira da estrada está a certeza do movimento.
Às vezes a vida passa como um borrão visto da janela de um carro.
Dias de inércia intelectual, amorosa, espiritual e física.
Mas caminha.
Alheio ao que se passa ainda caminha.
E não volta.
O futuro é ali, logo aqui na próxima esquina.
Faz-se uma curva; capota-se o carro.
Perde parte do que é, ou de alguém que ama.
Há o luto, escorre uma lágrima solitária.
Trafega no rosto ainda liso de juventude para morrer na mão que apoia.
Mas não há tristeza.
Há até uma pontada de felicidade, porque muda.
O que foi fica na lembrança e dá lugar ao novo.
Corpo e mente como nascente que refresca e renova.
E o tempo passa, o tempo é passarinho.
Livre, frágil e efêmero.
Na beleza de um momento estão reflexos da natureza do que se é.
Amigo, amante, íntimo.
Sonhador, idealista, de outro mundo.
Partes de um todo numa pintura sem moldura.
Estende-se a um infinito próprio, dentro de si.
Vê-se Deus na perfeição de cada pincelada.
Sem ver o quadro, sem conhecer o artista.
No mistério de viver, caminhar na estrada ou pintar o quadro, pensar sempre no próximo passo.
Viver é pular num abismo sem fim para se descobrir onde vai dar.
O belo e o exótico de mãos dadas, risada sarcástica da ironia.
Juntos ali, esperando dar as respostas às perguntas certas.
Amort gostou desse texto apesar de ter lido ele tarde...
ResponderExcluirAmort tbm gostou de lost hermanos - Além do que se vê...
lost hermanos? os hermanos estão perdidos. kasioksaoiksaio'
ResponderExcluiraprovado o bom gosto? fico feliz em lhe ser útil.